Conheça a importância das máquinas para o treino de musculação e descubra como você pode combinar os exercícios livres e as máquinas para obter melhores resultados em seus treinos.
Um dos principais mecanismos e métodos de treinamentos, negligenciados entre quase todos os praticantes de musculação, é o uso de maquinas para a realização de exercícios básicos. Verdade seja dita: as máquinas podem ser representadas como uma das grandes facas de dois gumes, as quais podem representar um grande auxílio ao bodybuilder ou um grande pesadelo aos seus ganhos musculares.
Sendo assim, o que podemos nós fazer para utilizá-las de maneira adequada sem causar propensões a erros os quais podem prejudicar não só os ganhos musculares no início e no decorrer dos treinamentos, mas, ainda, ocasionar lesões, desgastes desnecessários e até mesmo limitações? Neste artigo vamos aprender como usar as máquinas de musculação corretamente e também aprender a combinar máquinas e exercícios livres para usar 100% em nosso treinamento.
Máquinas são o aperfeiçoamento de exercícios livres
Biomecanicamente, os exercícios livres podem sofrer variações de indivíduo para indivíduo. A grosso modo, um indivíduo pode executar um mesmo exercício diferente de outro indivíduo, porém sem que quaisquer um deles esteja fazendo de maneira incorreta. Isso se deve as características individuais biomecânicas e físicas de cada indivíduo. Assim, uma rosca direta de um indivíduo A pode ser um arco maior do que de um indivíduo B. E isso não quer dizer que A ou B estejam necessariamente errados.
As máquinas são uma forma de aperfeiçoar os movimentos livres, ou seja, imitá-los seguindo uma biomecânica totalmente correta. Basicamente, nas máquinas executamos o exercício X em Y graus, enquanto que no execício livre há a possibilidade de executar o mesmo exercício X em Y-2 graus, portanto nas máquinas ficamos limitados a executá-lo apenas nos Y graus propostos. Isso é interessante, pois de forma padrão conseguimos executar exercícios de maneira biomecanicamente perfeita.
Com esse aperfeiçoamento, beneficiam-se todos aqueles indivíduos com restrições de movimentações e/ou que necessitam de maior estabilidade corpórea. Por exemplo, um indivíduo que tenha restrição na angulação dos ombros em relação ao tronco no supino reto com a barra a propensão de sair dessa angulação permitida é muito grande. Do contrário, com as máquinas conseguimos limitar esse movimento ao ângulo desejado, fazendo então com que o objetivo de estabilização seja devidamente concretizado.
As máquinas são formas de executar movimentos os quais biomecanicamente estamos pré-dispostos a não executar. Por exemplo, alguns indivíduos carecem de largura na região dos bíceps. Normalmente, podemos observar que ao executar uma rosca alternada sua tendência é deslocar os cotovelos do tronco para fora dele, fazendo com que as mãos apontem uma a outra. Essa movimentação fará com que haja um crescimento maior na região em que deveria ser trabalhada com uma rosca martelo, por exemplo. Assim, com a utilização de máquinas conseguimos uma angulação limitada a qual rotacionará as palmas das mãos para cima e ativará a porção interna dos bíceps, conseguindo então uma largura muito maior ou, pelo menos, um maior trabalho sobre ela.
Os exercícios com máquinas NÃO recrutam maiores quantidades de fibras musculares quando comparados aos exercícios livres, tanto porque os exercícios livres recrutam grandes quantidades de músculos auxiliares, sinérgicos e estabilizadores. Entretanto os exercícios com máquinas podem recrutar muito mais as fibras musculares da musculatura alvo especificamente. Portanto, a depender do critério e necessidade um ou outro pode se tornar mais conveniente.
Quando falamos que as máquinas são evoluções dos exercícios livres, não estamos nos referindo a efetividade ou tampouco querendo dizer que elas sejam melhores. Normalmente essas são resultados de seguimentos biomecânicos corretos, como já explicados, mostrando uma efetividade diferente e não necessariamente melhor.
O uso desnecessário X efetivo das máquinas
Nos dias de hoje, as máquinas são utilizadas de maneira muitas vezes desnecessárias. Muitos são os profissionais da área que optam pela utilização única e exclusiva das máquinas, abrindo mão da importância que os exercícios livres exercem na construção de concepções não só físicas, mas neuromotoras, neurológicas, entre outras.
As máquinas, apesar de seus benefícios, deixam de trabalhar quesitos os quais unicamente serão trabalhados com os exercícios livres, como o equilíbrio, a concepção corpórea, a forma de movimentação de pesos, a estabilidade, a busca pelo sinergismo entre musculaturas ou mesmo o trabalho do core. Limitando o movimento e trazendo uma estabilidade perfeita, as máquinas estão de acordo com o trabalho apenas e exclusivamente no músculo alvo, envolvendo minimamente os músculos auxiliares, sinérgicos e estabilizadores.
Entretanto, não podemos ser bobos o bastante e acreditar que as máquinas sejam totalmente dispensáveis. Para alguns casos, como o de iniciantes, elas conferirão uma segurança de trabalho até que sua musculatura seja fortalecida. Não tão somente os indivíduos iniciantes possuirão benefícios ao fazer uso das máquinas. Indivíduos em quaisquer níveis podem ser considerados indicados para utilizar máquinas, seja em nível avançado ou intermediário as máquinas também são necessárias em um bom programa de treinamento. Apesar da eficácia dos exercícios livres, o uso de máquinas em alguns casos pode ser considerado não só uma opção, mas uma necessidade. Mas, quando usá-las? Como usá-las?
Como e quando usá-las?
É difícil estabelecer um parâmetro de como utilizar máquinas, pois hoje em dia existem inúmeras marcas, tipos e máquinas no mercado. Cada uma apresentando uma característica singular, vantagens e desvantagens as quais também devem ser devidamente dosadas antes do treinamento. Essas diferenças podem tornar X máquina melhor ou pior diante do que desejamos e torna-las melhores ou piores do que outras em próprios termos biomecânicos.
Algumas máquinas apresentam uma biomecânica muito bem estabelecida e sem quaisquer propagandas podemos citar as máquinas da Cybex, da Hammer, Technogym e Rebook. Entretanto, existem outras as quais deixam a desejar não somente na biomecânica, mas também na amplitude de movimento do exercício, na qualidade e até mesmo no desenrolar do movimento, apresentando travamentos, desequilíbrios etc.
Após avaliar a qualidade da máquina devemos avaliar o que necessitamos trabalhar na musculatura. Isso deve ser feito por alguém que realmente possa entender princípios biomecânicos. Por exemplo, citando a máquina Scoot como exemplo, algumas costumam trabalhar mais a porção externa dos bíceps, outras a porção interna dos bíceps dando mais valor ao pico dos mesmos. Algumas solicitam mais a região braquial dos antebraços, outras os flexores internos do punho. Portanto, isso será evidencialmente importante para usar ou não tal máquina. Muitas vezes o exercício livre pode acabar sendo mais objetivo ao que buscamos do que as máquinas.
Além disso, devemos avaliar os momentos do treinamento os quais serão utilizadas a máquina. A principal regra é dar preferência aos momentos de treinamento em que os músculos auxiliares, bem como estabilizadores estão mais cansados, fazendo assim com que se consiga um trabalho melhor na musculatura alvo e sem o risco de algum tipo de instabilidade acabar por gerar algum tipo de acidente ou lesão. O controle do peso é fundamental para obter bons resultados.
Inclusive, não é a toa que muitos bodybuilders costumam utilizar as máquinas em momentos que antecedem as competições, por conta da exaustão muscular precedente. Na última semana, dificilmente utilizamos exercícios livres inseguros como o supino reto, por exemplo.
Por fim, as máquinas podem ser utilizadas para auxiliar na correção de alguns movimentos os quais não conseguimos bem executar com exercícios livres. Vale lembrar ainda que as máquinas podem ser utilizadas com alguns iniciantes e/ou pessoas que estão em fase de reabilitação de algum tipo de lesão, conferindo estabilidade e segurança.
Combinar exercícios livres e máquinas é a estratégia que costuma gerar mais resultados
Quando bem mesclados, a maioria dos fisiculturistas tem um consenso de que a mistura entre as máquinas e os exercícios livres são os que podem proporcionar mais resultados.
Em termos gerais, conseguindo utilizar e solicitar a musculatura de diferentes formas conseguimos também apresentar um trabalho singular em cada região específica da musculatura, fazendo com que ela responda extremamente beneficamente a esses estímulos e se desenvolva cada vez mais. Há regiões musculares de um mesmo grupamento as quais são muito melhor trabalhadas de maneira isolada. Entretanto, a maioria dos casos são melhor trabalhados da forma complexa com os exercícios convencionais e livres.
Assim como dizia Dorian Yates: “não conseguiremos com máquinas trabalhar tanto a biomecânica trabalhada em uma rosca alternada a qual segue os princípios biomecânicos individuais do indivíduo”. Por outro lado, não teríamos um trabalho tão efetivo no pico dos bíceps sem utilização de uma rosca Scott Natilus, por exemplo.
É importante saber mesclar máquinas e exercícios livres para que um possa complementar o outro e não necessariamente substituir.
Contudo, podemos concluir que:
1- Máquinas são formas biomecanicamente corretas e precisas de executar um movimento;
2- As máquinas imitam o movimento livre de forma precisa e buscam a forma biomecânica correta para execução de dado movimento;
3- As máquinas podem ser utilizadas com iniciantes em seus primeiros dias para conferir adaptação, buscar a estabilidade e segurança, mas não devem fazer parte única de seu programa de treinamento, sendo os exercícios livres fundamentais para a obtenção de concepções corpóreas, estabilidades diversas entre outros;
4- Máquinas não devem substituir exercícios livres, mas complementá-los de maneira equilibrada e adequada;
5- Normalmente, utiliza-se as máquinas para indivíduos avançados quando há a necessidade específica de trabalho de uma determinada região e/ou correção por assimetria. Conferindo maior estabilidade, bem como maior segurança, essas permitem trabalhar o músculo de maneira intensa e na região que se quer;
6- Em termos gerais, a melhor utilização das máquinas se dá após os exercícios livres, pois os músculos auxiliares e estabilizadores cansados podem necessitar de melhor estabilidade, conferindo maior segurança e menores riscos de lesões e/ou acidentes nos exercícios;
7- Não se deve substituir os exercícios livres pelos de máquina e nem deixar que os exercícios livres sejam parte única de nosso processo de desenvolvimento, bem como do treinamento. Devemos priorizar o início da musculação com itens e exercícios livres e ir utilizando máquinas e artifícios que possam nos conferir menor necessidade de busca de estabilidade, menor recrutamento de auxiliares e enfocar unicamente no músculo-alvo;
8- Para obter bons resultados com máquinas faz-se não só necessário, mas fundamental a escolha de boas marcas e bons itens que biomecanicamente não deixam a desejar em aspectos, tais quais a amplitude, o movimento em si, as articulações etc;
9- O uso de máquinas pode eliminar o uso de algum parceiro, caso esse inexista no momentos de seu treinamento.
Portanto, sejamos espertos e saibamos bem combinar exercícios livres e máquinas, propondo ímpares trabalhos na musculatura e obtendo o máximo de resultados. Lembre-se de que, orientação correta é fundamental na hora de obter bons ganhos.
fonte: http://dicasdemusculacao.org/aprenda-importancia-das-maquinas-para-o-treino-de-musculacao/